4/28/2007
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4/26/2007
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4/22/2007
Eleições em França
Hoje, dia das eleições em França, estive finalmente a ver com atenção os programas dos dois principais candidatos.Parece-me inevitável a vitória de Sarkozy, apesar das promessas da sua rival serem bem mais apelativas. Mas porque é que não convencem (se eu não estiver enganada)?
Acho que uma das consequências do descontentamento é um eleitorado pessimista que vê além das promessas dos seus políticos, vê os efeitos, teme os efeitos e desconfia...Os eleitores tendem a favorecer o realismo dos programas. O candidato que diz: não vai ser fácil e vocês sabem disso, mas o resultado valerá a pena. Nem sempre isto é bom. É assim que nascem as ditaduras. Quando um país está disposto a aceitar promessas realistas e pessimistas dos seus políticos abre um caminho em que os políticos deixam de ter que fazer promessas, em que sabem que estão legitimados na apresentação de dificuldades ao seu povo, logo, um caminho em que deixam de ter que responder perante ele. Tornam-se ditadores. (Salazar salvou-nos da guerra mas não da fome.)
Mas hoje, em França não se pensa em ditaduras porque de facto não é isso que está em causa. Está em causa o fim da França dos privilégios, o fim da terra dos sonhos dos imigrantes e a consciência de que os franceses não se sentem seguros em França, de todos os pontos de vista. A bomba-relógio alimentada por milhares de excluídos está na iminência de rebentar numa guerrilha de bairro que depressa deixaria de o ser, guerrilha e de bairro.
Perante este cenário temos um Sarkozy que, claramente sabe, e sabe que os franceses sabem, que acabaram os privilégios e as facilidades, que a balança pendeu de mais e é necessário sacrifício. E sabe que nenhum comum eleitor fica indiferente à questão da segurança...A mão de ferro de Sarkozy pode esmagar, mas desde que segure os franceses na palma, será sempre bem vinda.
Sélogène Royal, por outro lado, fazendo jus à sua ideologia socialista, tenta fazer acreditar que o fim do bem-estar social se combate... com mais bem-estar social. Que acredita no aumento do salário mínimo nacional (apesar da perda de poder de compra , a França continua a ser dos países europeus com mais poder de compra), no aumento das pensões mais baixas, na diminuição dos impostos, na atribuição de subsídios de 300 euros mensais a estudantes necessitados, no serviço cívico voluntário como penalização, que acredita nos jurados do povo para avaliar o desempenho dos seus governantes....e que acredita que consegue tudo isto.
Sélogène Royal é a candidata que ao governar uma casa, como planeia governar a França diria aos seus filhos: "Sim, estamos mal de finanças, sim, vocês sentem-se inseguros, sim, a porta é constantemente arrombada por intrusos... Por isso, vamos aumentar a mesada de cada um, vamos diminuir a contribuição que dão para casa, vamos diminuir as vossas tarefas domésticas. Se se portarem mal vamos dar-vos ainda mais carinho e, podem ficar de castigo, fazendo as tarefas mais leves, mas só se quiserem. A porta ficará aberta, podem trazer quem quiserem para cá... se vos magoar será educado, ensinado e pode lavar a loiça como penalização, mas só se quiser... Será tratado como um filho e também terá uma mesada. No final de cada mês faremos uma reunião para voçês me dizerem se me tenho portado bem...."