8/19/2005

Bons e maus indícios

A pessoa, de nome A. é simpática, sorridente, atenciosa. Tem uma voz doce e baixa. Todos gostam de A. quando a conhecem. Não há nada a apontar.
Um grupo de pessoas está numa sala, está calor lá fora mas na sala faz frio. O ar condicionado esteve ligado durante muito tempo. As pessoas espirram, vestem os casacos, uma delas queixa-se de ter asma. A. assistiu a isto tudo. Na sua ausência foi pedido para baixar o ar condicionado, ou mesmo desligar. Todos concordaram, para o bem comum. A. vem da rua, onde faz calor, entra na sala, sente a temperatura por breves instantes. Faz um ar de desagrado, suspira com calor e vai ligar o ar condicionado para uma temperatura ainda mais baixa do que antes e na potência máxima. Satisfeita, enquanto os resistentes vestem os casacos, vai-se sentar e continua a ser simpática.


A pessoa M. não é simpática. Tem um ar sério, não é fácil começar uma conversa com ele. É rigoroso e exigente, não sorri facilmente. Geralmente as pessoas demoram algum tempo a aproximarem-se dele. A mesma sala, as mesmas pessoas, o mesmo dilema do ar condicionado. A pessoa M. que desconhecia esta situação entra na sala. Também vem da rua onde a temperatura chega aos 40 graus. Entra, pede desculpa pela interrupção e pergunta se pode ligar um bocado o ar condicionado ou se alguém tem asma. Há uma pessoa que diz ter, mas que pode ligar um bocado. Ele diz que não é necessário, prefere ter calor e não tem o direito de alterar as condições do grupo.


Há bons e maus indícios que prenunciam personalidades e actos de cada um. Quanto a mim não é a simpatia, o sorriso fácil o valor mais alto, mas os momentos em que mostramos, ou não, respeito pelos outros seres humanos.

1 comentário:

Paulo Aroso Campos disse...

That's a point there!
Muito observadora; pena que nem toda a gente ligue a isso ou se importe; pior ainda é quem não se interessa e não é capaz de levantar a voz. Infelizmente, por vezes, mantenho-me nos mudos. Quantos não fazem o mesmo com medo de sobressair da normalidade?