O recenseamento da população de um país é um procedimento bastante antigo. Um dos recenseamentos mais conhecidos é referenciado na Bíblia: segundo os relatos da altura este coincidiu com a altura do Natal. Maria estaria a fugir do recenseamento ou a ir para o local do recenseamento. Inclusivé este recenseamento terá sido usado para perseguir Jesus Cristo (matar todos os meninos com menos de um ano seria a solução). Mas há dados que remetem para recenseamentos feitos na China há cerca de 6000 anos atrás. A importância dos censos era óbvia: perceber quantos homens jovens se podia dispender numa guerra, perceber onde estava a maior força de trabalho, a maior produção, quantas bocas haveria para alimentar. Hoje em dia a importância é mais administrativa e informativa. Segundo Fernando Casimiro, do INE, os censos são, no fundo a fonte estatística mais completa e fiável que os países conseguem ter, actualmente. No entanto, exactamente por ser fonte de informação os censos são vistos com alguma desconfiança. Esta desconfiança tem um fundamento geral: é uma recolha de informação sobre cada um de nós e qualquer interferência na privacidade é tomada com uma forma de possível controlo da nossa vida; e um fundamento mais concreto: na história recente os censos foram um instrumento de guerra. Hitler usou o recenseamento da população para identificar os judeus, que viria a perseguir. Os alemães, ao invadirem a França dirigiram-se ao INSEE para obter informações sobre os judeus em França e sobre a actividade económica, nomeadamente a identificação e localização de indústrias importantes para o esforço de guerra. Estas são algumas razões para o medo da concentração de informação sobre todo o país: quem terá acesso a essa informação e o que pode fazer com ela? Há países com mecanismos preparados para que, em caso de invasão de outra potência todos os ficheiros dos respectivos institutos nacionais de estatística sejam destruidos imediatamente.
Actualmente, com o surgimento do cartão do cidadão que cruza e junta a informação toda do cidadão de um país a questão da privacidade ressurge. Provavelmente, talvez não em 2011, mas em 2021 o recenseamento já não será feito através do inquérito porta a porta mas pela extracção de informação da máquina burocrática do estado. Tudo o que há para saber sobre nós poderá ser acedido pelo Estado. É isto perigoso? Num país democrático, em princípio não deverá ser porque há algum controlo do poder, mas numa ditadura o perigo é real. Há várias opiniões acerca deste assunto. Por um lado é verdade que mesmo sem censos, caso haja uma ditadura, facilmente o ditador faz um recenseamento da população, rápido e completo para os objectivos que tiver, por isso a questão do perigo nem sequer se coloca. Mas por outro será que o acesso a informação toda poderá facilitar a ascensão de um ditador?
3/28/2009
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