7/30/2010

Leiam, por favor!

O melhor que temos é a capacidade de nos abstrairmos de tudo e sonhar. Por isso gosto de ler e tenho livros no carro para ler nas filas de trânsito que apanho todos os dias. Em vez de me irritar, leio... não posso fazer nada em relação à situação, por isso nesses momentos puxo o livro e facilmente me esqueço. Também me deixa mais bem disposta para o resto do dia. E normalmente são os livros que dão mais preguiça ler, que deixo para último em casa, os que leio no carro. Como não tenho hipótese de escolha, como a alternativa é ficar a barafustar sozinha, o livro torna-se o melhor livro do mundo. E já descobri bons livros assim, que se calhar nunca teria lido...


A falta de leitura assusta. Tenho visto alguns trabalhos, relatórios, etc, de estudantes a acabar as licenciaturas e mesmo teses de mestrado assustadoramente más. Além dos erros ortográficos há uma geral falta de compreensão da utilidade das vírgulas e grande ignorância em relação à construção frásica. Chega a haver frases deste tipo:

"Aqui pode-mos, ver que inicialmente haviam várias crianças com opiniões diferentes (...) isto é tipicamente de sociedades ocidentalistas."

Isto tirado de um relatório de estágio de Ciências da Educação! Todo o relatório foi feito neste "registo". Mas o pior, e isso é mais assustador ainda é que foi dado um 18 a este trabalho! Antes de perguntarmos que tipo de alunos temos, devemos perguntar que tipo de professores temos...

6/05/2010

Crise...

Um arrumador de carros conversava pela manhã com um mendigo sem perna. Falavam sobre a crise e o aumento de impostos, encostados à porta da câmara municipal.

5/19/2010

Madeira...


Já foram tiradas em Setembro, mas nunca é tarde para partilhar estas vistas. A primeira é a vista do cabo Girão. A segunda foi tirada junto a uma pequena capela de Machico, junto ao mar..

5/13/2010

Novelas

Nos EUA aproxima-se o final de "Lost". No seguimento deste marco na vida dos americanos a Antena 3 perguntou-se o que aconteceria se em Portugal acabassem as novelas da TVI? E foi para a rua perguntar isso mesmo: o que aconteceria? Não sei ao certo quantas pessoas entrevistaram mas dos vários comentários apenas uma pessoa admitiu que via as novelas da tvi. Todas as outras viam os programas da 2, dos quais gostavam muito, ou programas mais interessantes como os debates. E eu pergunto: como se justifica as audiências da tvi?
Mas o interessante foi ouvir uma senhora que gostava das novelas a dizer que gostava porque elas retratavam a vida real, e cito "são coisas que acontecem na vida real".
Pois é, todos sabemos que há por aí imensos gémeos separados à nascença, um rico e um pobre, um mau e outro bom, a apaixonarem-se pela mesma pessoa. E irmãos desconhecidos!! Ui, resmas deles! E todos sabemos que é perfeitamente habitual o dr. ou eng. rico apaixonar-se pela pescadora (que não dispensa o rímel) que tem o coração da namorada morta. Até aquele auge da novela em que o protagonista é preso por um crime que não cometeu está desactualizado. Todos sabemos que em Portugal nem pelos crimes que se comete se é preso!

4/25/2010

Porque hoje é 25 de Abril

"...Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, VIM na cozinha, VIM na casa-de-banho, VIM no Politeama, VIM no Águia D'ouro, VIM em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te arrulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Moshe Dayan que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o Astro, não é filho? O cabrão do Astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus zodíacos: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? A-ni-ki-bé-bé, a-ni-ki-bó-bó, tu és Sepúlveda, tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala em ritmo de pop-chula, não é filho?
A one, a two, a one two three..."

FMI, José Mário Branco

4/10/2010

Malucos

Quem fala sozinho vai parar ao Inferno e quem anda para trás ensina o caminho ao Diabo. Um em cada 10 portugueses terá problemas mentais. Não sei se falarão sozinhos ou se andam para trás. Falar sozinhos falarão com certeza, mas andar para trás é mais difícil. Não sei se incluem a japonesa com o cão fantoche na mão que ladra e vê as coisas. O cão vem cá ás vezes, ela nem sempre, atira o braço com o cão. Deve estar incluída nas sondagens mundiais: 1 em 4 pessoas no mundo tem problemas do foro mental. O que nos leva a concluir que há mais malucos no resto do mundo do que em Portugal. O Gil é dos mais conhecidos, a esquizofrenia longa que o faz andar ás voltas é entendida pelos que convivem com o Gil, que de mesa em mesa pede tabaco. Pelo menos não nos tenta convencer a aderir a uma religião, que segundo a senhora outrora beata da Igreja, agora beata de uma seita qualquer, é a melhor religião. "Olhe menina, o importante é que se arrependa, a lei da nossa religião é essa. Pode pecar, desde que a seguir se arrependa." O riso contido das raparigas que ouviam. "O juiz é que não percebe isso, menina. Eu mato, tudo bem, sim senhor, eu pequei mas o que interessa é que me arrependi a seguir. Assim estou perdoada, o juiz é que não entende." A sair quase se encontra, neste baile de malucos, com o doido que faz perguntas. O olhar vago, raiado de sangue e andar decidido a contrastar. " O que é um fraldário? O que é ? O que é?" "Se eu pedir este livro, dão-me, dão-me, dão-me?" E logo sai. Um estudante de outrora perdido que e só mais um maluco de agora, desta cidade. Mas todos eles poderiam ser comandados pelo Duque de São Martinho. O ar nobre de quem se sabe aristocracia e que todos os dias vai partir para a Bélgica onde será coroado não o ajuda a arrastar os cobertores onde dorme à noite. Mas pelo menos as vozes respeitam-no. As vozes que ouve ...

4/08/2010

Comer na rua

É engraçado como em Portugal raramente vemos pessoas a comer na rua. Ou seja, a sentarem-se numas escadinhas, num banquinho de jardim, ou noutro sítio qualquer, tirar o termo ou o saco das sandes e almoçar na rua, no pausa do trabalho. Nós, que temos fama de reis do piquenique levado ao extremo (com o garrrafão, a feijoada, etc.) na verdade somos um povo muito acanhado. E isso só nos prejudica. Em qualquer outra cidade não portuguesa vemos pessoas a passarem a pausa do almoço a almoçar na rua. Aqui há uma vergonha incrível de sair para a rua e almoçar naquele jardim que fica ao lado da empresa, no carro, etc (e se os colegas vêm). Acabamos por gastar muito mais dinheiro e comer muito pior porque temos vergonha. Não vemos o pessoal a andar por aí em Coimbra de sandes na mão, como vemos em Paris (então se fosse o chefe da empresa isso sim seria bonito). Mesmo dentro do carro temos vergonha de almoçar. Pois bem, eu trago almoço de casa e almoço na rua ou dentro do carro. Perdi a vergonha e ganhei cerca de 4 € por dia e uns kilos a menos. É muito melhor. Devíamos acabar com este acanhamento nacional. Só nos prejudica e em vez de nos tornar mais elegantes do que os outros só mostra a nossa tacanhez.

4/06/2010

Economia

Seria bom não esquecer nem perder de vista que o fim último da economia é o bem-estar e não a economia em si.

3/29/2010

Vampiros

Na telenovela da sic sobre vampiros temos agora o auge do suspense. De um lado temos um dos alunos do colégio vai tentar descobrir quem são os vampiros que estão no colégio. Do outro temos um grupo insuspeito de três alunos que se veste de preto, são muito brancos, não falam com ninguém, agem de forma esquisita segundo os seus colegas e....bebem sumo de tomate. Sempre.

3/27/2010

Democracia

Acho que a democracia não se prova no decorrer das eleições, mas depois destas, quando o candidato derrotado reconhece o legítimo vencedor. Onde isto nunca acontece não há qualquer tipo de democracia, não vale a pena alimentar ilusões.

3/21/2010

Novelas

Este post do vizinho Circo de Lama, sobre as novelas da TVI está fenomenal. Basicamente resume o que se passa na ficção tviniense sobre novelas:


http://circodalama.blogs.sapo.pt/57939.html


A este resumo eu acrescentaria mais. Em qualquer novela um dos parzinhos é rico e o outro é pobre... e, se for mesmo uma verdadeira novela à tvi, o amor entre os dois vai ser dificultado pelo patriarca ou matriarca, detentora da fortuna.
Também chegará a altura em que a protagonista ou o protagonista será preso injustamente, por alguma coisa que o mau ou má (a tvi prefere más) fez. Apanhei um destes dias duas novelas da tvi em que as duas protagonistas estavam nesta fase. Os maus são invariavelmente maus e os bons invariavelmente bons, ao ponto de enjoo. A Alexandra Lencastre é uma destas. Ou má ou boa.

2/16/2010

Ainda sobre o Carnaval

Recuso que o ter que trabalhar aos feriados (como o Carnaval) me estrague a noite anterior. Ou seja, a ideia é sair à mesma... senão sou prejudicada de duas maneiras. Não me divirto no dia porque tenho que trabalhar e não me divirto na noite porque não posso descansar na manhã seguinte, porque tenho que ir trabalhar. Recuso-me a isso, e saio à mesma e deito-me tarde... e depois tenho sono...muito sono...e no dia seguinte às oito da manhã apetece-me bater em mim mesma por ter teorias estúpidas...

Dúvida

Será que os brasileiros que estão a passar férias em Portugal nesta altura, no Carnaval, portanto, querem ir aos cortejos e fazer coisas de Carnaval aqui?

2/14/2010

O Pântano

Não vos parece um bocado mal que no meio disto o sucateiro de Aveiro seja o único que a ir parar à prisão? Tanto fumo e o único que se intoxica é o mexilhão. Já dizia o outro: quando roubares rouba em grande, que nada te acontece. Todo o fogo de artifício que querem fazer em volta do Primeiro Ministro não apaga o essencial: o péssimo carácter que revelou naquelas conversas. É isto que me representa? É esta pessoa que defende os meus interesses?

E aquele ex-accionista da Universidade Independente, muito falado recentemente por ter sido detido com um cheque falso de 25 milhões de euros e que é tão pobre, tão pobre que não paga custas judiciais? Ok, é a lei. A lei baseia-se apenas na declaração de rendimentos e este senhor não tem rendimentos nem tem nada em seu nome, vive da ajuda de amigos e familiares. A lei não vai ver que doou aos filhos menores um apartamento na Lapa avaliado em 1 milhão de euros, onde, aliás, habita. O que de facto me irrita nisto é que o complemento solidário para idosos foi um flop porque exigia que os idosos (com as suas reformas miseráveis de 200 euros) apresentassem uma declaração de rendimentos dos filhos (quando muitas vezes nem se falam) para provar que estes não os podiam ajudar e então, só se os filhos tivessem poucos rendimentos é que podiam receber a esmola. Isto é totalmente incoerente. Então e nestes casos não se vai ver os rendimentos dos filhos MENORES, ainda por cima?

Traga-se outro país, que este já não serve.

1/31/2010

Baixa de Coimbra

Uma das poucas coisas que gosto em trabalhar ao fim-de-semana é passar na Baixa de Coimbra ao Sábado ou Domingo de manhã. É uma volta que não dispenso, mesmo acabando ser um caminho mais longo... Ao contrário do que acontece durante a semana, ao fim de semana está tudo mais calmo e podemos apreciar os passeios e as pessoas. Gosto principalmente ao Domingo quando parece que toda a gente está noutro sítio a descansar e ali ficaram apenas as pessoas que ninguém quis. Uns quantos velhos a passear, uns quantos sem-abrigo, uns quantos turistas de mochila... Ninguém parece dirigir-se a nenhum sítio em particular, estão simplesmente por lá.

1/27/2010

Gatos...

O meu gato, rafeiro de nascença e habitante das ruas perigosas daqui da aldeia descobriu .........o sofá! E melhor, o sofá virado para a lareira acesa! E pronto...agora é vê-lo todo doido a correr porta adentro, com uma energia que nunca teve, a lançar-se para cima das almofadas para então.... deitar-se e dormir. Ainda bem que há gatos.

1/26/2010

Tudo mal

É incrível como às vezes tudo corre mal. Tudo corre tão mal que a certa altura já deixamos ir, como se nada houvesse mais a perder. Que mês tão longo, este de Janeiro. Eu sabia que não ia ser bom.

1/24/2010

A profissão mais útil

Num breve estudo estatístico (com base numa amostra que consiste em: eu e o meu colega) concluí que o trabalho mais útil a nível de conteúdos aprendidos é: ser talhante! Saber cortar a carne, separar por costeletas, febras, lombo, etc... é complicado. Saber quais as melhores partes para assar, para grelhar ou para cozer é muito útil!

1/23/2010

A Trilogia do Cairo, por Naguib Mahfuz


Já falei aqui desta trilogia quando li o primeiro volume: "Entre Dois Palácios". Agora que já li o segundo "O Palácio do Desejo" e "O Açucareiro" posso afirmar, como de resto, já quase todos os críticos afirmaram, que esta é uma obra genial de Naguib Mahfuz. Ao longo dos três livros é contada a história de uma família do Cairo, desde o início dos anos 20 até final dos anos 30. Ao contar a história desta família, o autor acaba por descrever todo aquele ambiente que se viveu no Egipto durante este período, a presença inglesa, as mudanças políticas, os vários acordos com os ingleses e mesmo a relação com Hitler, inimigo dos seus inimigos. O que acho fantástico nestes livros é que é simplesmente o contar da história de uma família, como todas as famílias, com as coisas boas e más. É uma história simples e magnífica! A forma como ele escreve consegue envolver-nos de tal forma que na verdade nem nos apercebemos desse "ser só isso". Aconselho vivamente, a quem gostar de ler.