6/25/2005

Diálogo

Considero a linguagem a capacidade que distingue a vida social do ser humano da "sociabilidade" inata dos restantes animais. Isto porque nos permite uma convivência organizada em torno de algo mais que o mero instinto de sobrevivência (Hobbes não ia gostar nada disto... e acabei de descobrir porque é que nunca concordei muito com a teoria do Estado de Natureza...). Mas é o uso dessa linguagem no diálogo que distingue os seres humanos: os que estão muito acima desse Estado de Natureza e os que se aproximam mais dele (em duas palavras: os iluminados, ou racionais, dos emotivos e instintivos...). Isto para dizer que é pelo diálogo que tudo se resolve, que se ultrapassam os rancores, que se estabelecem acordos, que alcançamos quase tudo o que o mero acaso não nos traz. Mas o diálogo não é fácil, ou não o fazemos fácil. Porque é preciso ultrapassar orgulhos, é preciso transparência e sinceridade absoluta, é preciso predisposição das duas partes, e acima de tudo respeito pelo outro dialogante. Tudo seria mais fácil se todos percebêssemos isso e procurássemos sempre essa via, porque raramente se ultrapassa o que quer que seja sem "a conversa"... e muito menos se ultrapassam rancores...

1 comentário:

Luís Viegas disse...

Fizeste-me lembrar uma cena de um dos meus filmes preferidos, o Fight Club. A certa altura uma das personagens diz qualquer coisa como:

"Aqui as pessoas ouvem-te com atenção, em vez de estarem apenas à espera que seja a sua vez de falar."

E hoje em dia acontece muitas vezes isso mesmo. Estar a falar com alguém que na verdade não te está a dar assim tanta atenção. Está à espera do seu momento. Costumo chamar a isto uma conversa de surdos. É aberrante.