11/04/2005

Crónicas de (uma) vida vulgar

Foi, talvez, por não ver a minha avó há alguns anos (ela emigrou para Toronto, já depois dos 70 anos), que fiquei atónitacom a pessoa incrivel que esta mulher de 80 anos é. Mesmo tendo passado a minha infância e a minha adolescência junto dela, só depois de lhe sentir a falta percebi a força da sua existência. Esta mulher nasceu muito abaixo do limiar da pobreza e muito acima do limiar da intelegência comum. Ela construiu casas, enquanto adolescente, descobrindo como tornar os materiais mais resistentes e aproveitando espaços, ela construiu portas numa terra onde ninguém as tinha. Teria sido uma grande engenheira... (ou uma grande economista). Foi uma grande agricultora, que antes dos vinte anos convenceu o pai a investir em grandes terrenos (e lhe explicou como fazer)e usou a sua sabedoria para os fazer render com plantações. Esteve na Alemanha, mas foi em Portugal que criou os seus oito filhos, sozinha. Sempre tomou decisões difíceis com uma força que não admitia contradições e de forma lúcida. Nestes últimos anos surpreendeu todos quando anunciou a sua decisão de ir para o Canadá viver, com alguns dos filhos. Agora, revelou-nos o que afinal foi uma estratégia brilhante que alterou várias vidas à sua volta, e voltou, de novo para completar a missão que diz ter. Tudo planeado de forma metódica. E cada palavra sua é escutada com toda a atenção, sem interrupções.. está mais lúcida do que qualquer pessoa que eu conheça. O auge foi quando explicou como descobriu que podia ganhar dinheiro com as transacções euros para dólares, consoante a cotação (esta mulher não sabe ler nem escrever). E continua incrivelmente humilde, com uma fé quase lógica, quando por ela explicada, e incrivelmente inteligente. Não podia deixar de fazer esta homenagem. Ela fez-me ver onde estão realmente as pessoas Incríveis...

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