8/22/2009



Todos precisamos de paixão. Não, não é de lamechice que estou a falar... é de paixão. De nos sentirmos arrebatadas. Nem tem nada a ver com romantismo. Esse é mais calmo. Tem a ver com emoção. É necessária. Recentemente lembrei-me novamente deste filme, o meu preferido enquanto adolescente (típico...). Para dizer a verdade lembrei-me porque passou esta música na rádio e fez-me lembrar dos longos suspiros a ver esta dança final...E fez-me lembrar do quanto é necessário sentir essa paixão, nem que seja por uma breve dança...

8/09/2009

Férias...

Vou de férias... Foi um ano muito cansativo. Com dois empregos e uma tese de mestrado para entregar nos prazos estabelecidos feita nos poucos tempos livres. Com uma folga de quinze em quinze dias. Já chega.... não aguentava muito mais.

Simplex + novas oportunidades

Depois de quase ter ficado retida no aeroporto de Marselha por ter o B.I. caducado há três dias, eis que, passado quase um mês dessa situação, decidi ir renová-lo, que é como quem diz, fazer o Cartão do Cidadão... aquela cena pidesca onde está TUDO sobre nós.... A última vez que fui renovar o B.I. a coisa até foi relativamente simples:

Cheguei ao balcão do registo civil (não estava ninguém na fila).
Disse que ia renovar o B.I..
Preenchi uma papelada.
Fui medida.
Demorou cerca de dez minutos.

Para ir buscá-lo o processo também foi simples:

Cheguei ao balcão do registo civil (não estava ninguém na fila).
Pedi o B.I. em causa.
A funcionária procurou e entregou-mo.

Demorou cerca de cinco minutos.

Agora lá fui eu, crente no SIMPLEX, acreditando que tudo era mais simples e mais rápido... Mas desta vez a coisa não foi tão simples:

Cheguei às dez da manhã e procurei uma senha para tirar para o objectivo em causa... não havia...

Não percebendo muito bem como é que a coisa se processava, perguntei a uma das vinte pessoas que se acumulavam naquele espaço se ela sabia qual o processo para fazer o Cartão do Cidadão... Lá me foi explicado que era preciso ir muito cedo para a fila...hmm.. fila? mas que fila? não se tira uma senha e pronto? Pois, parece que não... a própria fila é para tirar uma senha... e a senha é para quê? Pois... para se marcar uma hora para durante a tarde desse dia ir lá fazer o cartão... Então lá fiquei à espera de conseguir falar com a pessoa que estava atrás do balcão que me explicou que para esse dia já não havia marcações. Teria que voltar noutro dia...

(nota: parece que antes eles faziam marcações para os dias seguintes. Ia-se lá numa segunda-feira, por exemplo, ficava-se na fila de espera para a senha de espera para fazer a marcação para, tipo, quinta-feira.)

E pronto, duas semanas depois, com mais uma folga ao jeito para fazer isso (ainda bem que tenho folgas durante a semana porque quem não tem gasta dias de férias nisto), lá fui... Consegui marcação para tarde. E pronto... aqui até foi relativamente simples, uma vez conseguida a marcação. Fui chamada e lá fui olhar de frente para a máquina da verdade ... verdade porque ela não se engana na nossa altura (infelizmente para mim), sorri sem mostrar os dentes, olhei para cima como me mandaram e "Thcac" lá fiquei com cara de parva a cerrar os lábios enquanto olhava para cima (não sei se estão a imaginar...).




Mas...... foi preciso ir buscar o cartão.... Tenho que admitir que a carta para o ir buscar até foi rápida. Demorou cerca de uma semana. E lá fui, convicta de que seria rápido... Mas não!

Basicamente parece-me que há aqui um conflito de programas governamentais: com o simplex muita coisa foi informatizada para agilizar as coisas. "Informatizada" significa mais computadores e mais coisas... informáticas, portanto. E com as novas oportunidades muitas pessoas que nunca tinham mexido num computador (literalmente) ficaram com habilitações suficientes para que, estando inscrita no Centro de Emprego e a receber subsídio, o estado as fosse contratar para os serviços públicos quando necessário. O resultado é: mais computadores e mais pessoas que não percebem absolutamente nada de computadores. A consequência deste resultado? Três horas numa fila, que tinha, inicialmente, apenas 10 pessoas à minha frente!

Tentando entender o porquê da demora, aproximei-me para observar o processo e deparei-me com estas situações:

A senhora punha o cartão num ranhura, para que este fosse identificado, e ficava à espera que algo acontecesse... Quando via que nada acontecia movimentava o rato para trás e para a frente e de vez em quando clicava em algumas coisas. Nada acontecia... então tirava o cartão e inseria os números do cartão (em algum sítio, porque eu só a via pressionar os dígitos do teclado). Nada acontecia... finalmente pedia ajuda a alguém. Lá vinha alguém. Numa das vezes a resposta foi: "Isso não dá porque é preciso clicar no CONTINUAR" Senão não aparece o écran onde ENTÃO se põe o número". Depois havia a parte de procurar o CONTINUAR, conseguir colocar a seta do rato em cima do botão e então CLICAR. Isto repetia-se em várias fases do processo! E quando chegou a hora de almoço da funcionária, ela levantou-se, a meio do processo de entregar um cartão e disse: "Desculpe, mas chegou a minha hora de almoço, depois alguma das minhas colegas virá cá acabar de lhe entregar o cartão!". E foi o que nos valeu, ela ir almoçar. A funcionária seguinte, ágil e competente, despachou mais gente... Quando a primeira voltou do almoço, apesar dos protestos de quem lá estava a ver que a coisa ia abrandar outra vez, lá estivemos mais quinze minutos até a senhora perceber qual o programa, todo o conceito de inserir a password, o que é uma password....

E três horas depois lá consegui obter o meu cartão onde estou com cara de parva a olhar para cima!

8/08/2009

Colapso

Encontrei um viajante de uma terra antiga
Que me disse: "Duas imensas pernas de pedra sem tronco
Erguem-se no deserto. Perto delas, sobre a areia,
Jaz, meio enterrado, um rosto despedaçado, cujo olhar severo,
Boca franzida e esgar de frio comando,
Revelam que o escultor decifrou bem as paixões,
Que sobrevivem ainda, gravadas nestas coisas sem vida,
A mão que as arremedou e o coração que as alimentou:
E sobre o pedestal surgem estas palavras:
'O meu nome é Ozymandias, rei dos reis:
Olhai as minhas obras, ó Poderosos, e desesperai!'
Nada para além dele perdura. Em torno da ruína
Desse colossal destroço, ilimitadas e nuas
As ermas e suaves areias estendem-se na distância."

Ozymandias, por Percy Bysshe Shelley