12/17/2009

A morte segundo Alberto Pimenta

artur hipólito morreu com 62 an
os, 20 anos após ter feito 42, mas
na altura quem diria?

heitor fragoso morreu atropelado.
foi levado para o hospital, mas es
queceram-se duma parte do corpo
no local do acidente.

manuel testa morreu sem se ter c
onseguido habituar a este modo
de mal-estar no mundo.

arnaldo rodrigues caiu a um bur
aco da canalização e nunca mais
foi visto.

jeremias cabral pôs termo à exist
ência por motivos desconhecidos.
zeca gomes morreu em defesa da
pátria mas a pensar noutra coisa.

antónio de oliveira morreu igual
a si mesmo: triste sinal dos te
mpos!

bernardo leite pôs-se a pensar na
morte e não conseguiu voltar a
trás.

ivo gouveia tinha uma agência f
unerária e escolheu para si um
caixão representativo.

guilherme silva fechou-se no sót
ão, para morrer num lugar eleva
do.

luís dimas respirava saúde, agora
respira um hálito de eternidade.

antónio garcia, o coveiro, teve u
ma síncope e caiu dentro da cov
a que estava a abrir.

bento nogueira engasgou-se com
um pedaço de carne e desapare
ceu do nosso convívio.

paiva de jesus enforcou-se.
joão baptista viu o cunhado lev
antar-se do caixão e teve uma sí
ncope.

lourenço pinheiro estava a ver a
trovoada e um relâmpago entrou
lhe por um olho e saiu-lhe pelo
outro.

jorge velez de castro finou-se
após uma longa vida de sacrifí
cios, toda dedicada ao bem-comu
m. e foi assim: depois de ter inge
rido o seu sumo de laranja, foi c
onduzido para a cadeira de rep
ouso pelo enfermeiro de confian
ça. nela se conservou, de boca en
treaberta e olhos fechados, até
às onze horas. às onze horas, o e
nfermeiro de confiança aproxim
ou-se com a intenção de o condu
zir ao banho. pondo delicadamen
te a mão nas costas da cadeira,
disse: são horas do banho, senhor
director. como este não desse si
nal de ter ouvido, o enfermeiro
de confiança, com a costumada jo
vialidade, debruçou-se e repetiu:
são horas do banho, senhor direc
tor. posto isto, empurrou a cadei
ra até ao balneário, passou um br
aço pelos rins outro por baixo d
os joelhos do director, e assim o
levou para a água, só então se da
ndo conta de que ele já não vivia.

zé maria, o peidolas, foi expulso
da vida pela autoridade compet
ente.

joão gaspar foi um nobre e val
oroso homem que morreu heroi
camente no campo da honra. p
az à sua alma.

raul santos deitou-se um dia e p
or mais que o sacudissem nunca
mais se levantou.

alfredo penha caiu tão desastrada
mente da cama que nem é possív
el dar pormenores da sua morte.

joaquim perestrelo morreu no me
io da missa, qual quê! ainda a m
issa não ia a metade!

sousa dias morreu de pé, mas en
terraram-no deitado, como toda a
gente.

12/03/2009

Deep, deep thought


And it seems to you the thing to do would be to isolate the winner
And everything's done under the sun,
And you believe at heart, everyone's a killer.

Parte de DOGS, Pink Floyd

12/01/2009

Medo do Islão


Quem tem a porta aberta fica sempre mais vulnerável. Não me parece que este seja um resultado exclusivo deste país. Os europeus têm medo. E não estão a ser extremistas ou racistas com esta posição. Mais do que um sinal de discriminação religiosa parece-me que os europeus estão a tentar defender a sua liberdade. As duas coisas confundem-se um bocado, é certo. Mas é isso mesmo. No caso da Suiça há também outros sinais de fecho a outros povos como as alterações no processo de pedido de nacionalidade, que se tornou bastante mais difícil. Mas toda a Europa tem medo do Islão e dos seus símbolos. A verdade é que o que nós, ocidentais, absorvemos é que abrir mais a porta ao Islão é abrir caminho ao terrorismo que, esse sim, vem ameaçar todas as nossas liberdades. Mas será que estas posições vão incitar mais ao ódio fundamentalista? E os muçulmanos não radicais, onde ficam no meio disto tudo?

11/14/2009

Onde estava você quando o Muro caiu?

Lembro-me da queda do muro de Berlim. Tinha 8 anos nessa altura mas mesmo assim lembro-me de achar fantástico, apesar de não perceber bem toda a situação. Havia no entanto algumas coisas que me faziam confusão. Por exemplo, porque é que era a parte do Leste, supostamente, a parte má, que se chamava Democrática? Então "democrática" não era uma coisa boa? Isto fazia-me grande confusão. Outra coisa era o facto de ter um muro a dividir Berlim... então as pessoas não podiam ir contornar o Muro onde este acabava? Parecia simples... O que me fascina bastante na história do Muro de Berlim são as fugas fantásticas que aconteceram. Para a história fica o homem que construíu um túnel entre as duas Alemanhas para ajudar dezenas de pessoas a fugir. Ou aqueles irmãos, que num ultra-leve improvisado, planaram até ao lado Leste para ir buscar um terceiro irmão. Fica, infelizmente a história do rapaz de 19 anos que foi alvejado a tentar passar para o lado de lá o muro. Como ambas as partes tinham medo dos soldados da outra parte, foi deixado ali. Sangrou até à morte enquanto perguntava : "Porque é que ninguém me ajuda?"

11/05/2009

Portugal, Portugal

Uma pessoa até acorda bem disposta, apesar de ser cedo e até ouve uns programas engraçados na rádio e, até consegue arranjar um estacionamento por sorte, era o único, ao pé do trabalho. Depois começa a estacionar e vê que no edifício ao lado um anormal qualquer parou de trabalhar na obra para se ir pôr encostado à vedação, a um metro de nós, de braços cruzados, a olhar para nós e a rir enquanto estacionamos (bem, e à primeira, note-se...), com o perfeito ar de atrasado mental . Francamente...

10/31/2009

Pensamentos

E depois há aqueles momentos em que ficamos pequenos, pequenos e só queremos estar sozinhos e quietos, quiçá a ler um livro que nos leva para lá. Ontem estive no Egipto, década de 20, que bom, estar lá com aquelas famílias, a viver os mesmos sentimentos anti-ingleses. Que bom esquecer tudo e ser só aquelas pessoas todas. É assim com os livros bons. Só queria estar aí. Porque tudo é tão vulgar que só os livros nos salvam. Todos iguais. Tudo igual. O meu filho é muito desenvolvido. Dizem os pais, quão vulgares são todos. Todos dizem que canto bem. Pois sim, lá no karaoke da aldeia, não é? Ah, meu deus. Tanta oportunidade passada, devia ter ido ver o mundo, mas falta-me a coragem, com o tempo será pior. Mais presos estamos. Parece-me sempre tarde demais até perceber que agora sim é tarde demais e que há um tempo atrás não era tarde demais, até voltar daqui a um tempo, a perceber a mesma coisa. Que prisão que sinto. Ainda bem que há livros.

10/23/2009

All the lonely people

Ah, look at all the lonely people
Ah, look at all the lonely people

Eleanor rigby picks up the rice in the church where a wedding has been
Lives in a dream
Waits at the window, wearing the face that she keeps in a jar by the door
Who is it for?

All the lonely people
Where do they all come from ?
All the lonely people
Where do they all belong ?

Father mckenzie writing the words of a sermon that no one will hear
No one comes near.
Look at him working. darning his socks in the night when there's nobody there
What does he care?

All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?

Eleanor rigby died in the church and was buried along with her name
Nobody came
Father mckenzie wiping the dirt from his hands as he walks from the grave
No one was saved

All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?




O que é que nos prende às cidades? As pessoas? Os sonhos e ambições? A cidade em si? E sem sonhos e ambições e sem pessoas. Que cidade consegue a vocação de prender alguém sem lhe dar em troca apenas solidão?

10/10/2009

MacGyver

Ontem vi o episódio piloto desta série... Que saudades. Logo me transportou para aqueles Domingos de Outono, ao final de uma tarde em que já era noite, chuva e cheiro a terra molhada, para o café do Cilo (o antigo...), cheio de pessoas acabadas de chegar dos jogos de futebol da 3ª divisão distrital...

9/26/2009

Curiosidades

Os sítio escolhidos pelas prostitutas da nacional 1, que lá trabalham durante a semana, são exactamente os mesmos que as famílias, ao fim-de-semana, escolhem para parar e fazer o lanchinho do passeio.

Já repararam que para os adolescentes tudo evolui (desde as tecnologias, até à hora de chegar a casa), menos os tratamentos anti-acne, que continuam a Não dar resultado?

9/06/2009

Bússula eleitoral

Clicando no título serão direccionados para a Bússula eleitoral, um programa de perguntas e respostas, alojado no site da SIC, que analisa a vossa orientação política e os partidos com os quais se identificam mais e menos, dada a vossa opinião sobre vários temas. A minha localização no mapa foi dar a uma tal de direita (muito centrista) libertária, na qual habita um partido intitulado PDA. É interessante experimentar.

"Como enriquecer em três passos"

Na última voltinha que dei por uma livraria reparei na proliferação de livros sobre como enriquecer, como sair da crise, como evitar que a crise o afecte ou como ganhar o seu primeiro milhão... Estes livros de auto-ajuda sempre existiram mas parece-me que a crise ajudou à sua divulgação, ou pelo menos a dar-lhes lugar de destaque nas livrarias. O que me leva a uma conclusão... será que são os jornalistas, que tanto falam na crise, que tanto proclamam os maus tempos que aí virão, os autores destes mesmos livros?? É uma espécie de: "ah e tal, a crise, vai ser grave, as perspectivas são péssimas, a pobreza, o desemprego, tenham medo..." e depois, logo a seguir, toca de escrever livros numa de "ah e tal, mas eu tenho a solução para si, só para si, e vou revelá-la. Você não tem que ter medo da crise porque com este guia pode enriquecer em três tempos... O importante é saber poupar e saber investir. Poupe uns módicos 16,25 € e invista aqui neste belo livro". Se não se falasse tanto na crise estes livros não tinham tanta saída, não era?... Também acho piada aos conselhos escritos nestas páginas plenas de sabedoria:

- Controle o seu dinheiro ... pois, bem, os meus avós já faziam isso muito bem e nem sabiam ler...
- Mesmo que ganhe pouco poupe sempre qualquer coisa.. "controle os seus cêntimos, que os euros saberão de si"... É claro que esta gente não faz ideia do que é "ganhar pouco" em Portugal. Isto parece-me ser uma estratégia camuflada do patronato para conter a revolta social causada pelos míseros ordenados que a maior parte paga aos empregados. Não se revolte por ganhar pouco porque mesmo assim, segundo a nossa suprema sabedoria, pode enriquecer. Não me façam rir...
-Evite gastos supérfluos... bom, se comer for considerado um gasto supérfluo...
-Veja aqui a lista de produtos financeiros em que é seguro investir... nesta parte eu remeto para o segundo ponto. Investir o quê, mesmo?
- Saiba como poupar na água, na luz e no gás (nesta secção, havia uma série de dicas, como comprar aquelas lâmpadas caríssimas que duram muito mais tempo, desligar as luzes quando não são precisas (!!!), fechar a torneira enquanto lavamos os dentes, entre outras coisas de educação básica). Mais uma vez posso afirmar que até os meus avós já faziam isso e não precisaram de nenhum livro para lhes ensinar.

O conselho mais honesto que estes livros poderiam dar cabia em uma página (e poupava-se papel):

Passo 1: escreva um livro de auto-ajuda com balelas óbvias que não servem para nada
Passo 2: arranje uma editora que queira enriquecer também em três passos
Passo 3: venda-o a um monte de palermas, por cerca de 15,00 € cada um, que acham que assim vão enriquecer

E pronto, "como enriquecer (o autor, claro) em três passos". Não é a toa que estes livros são de "auto-ajuda" (auto, da parte do autor...)

9/05/2009

Gripe espanhola

A gripe espanhola ou gripe pneumónica, que teve início em 1918 atingiu cerca de 50 % da população mundial. Em Portugal matou cerca de 120 mil pessoas. Contam os antigos da minha terra que os avós deles a curavam principalmente com aguardente! Era de facto o único remédio que por ali havia na aldeia. Alguns morreram, outros curaram-se (não, não morreram de cirrose a seguir...). Conta-se que deu origem a grandes risadas dada a quantidade de álcool que foram ingerindo. O único jazigo existente no cemitério de lá foi feito para uma família inteira, (já tinha reparado nos caixões de adultos e de crianças), que sucumbiu à gripe pneumónica. Também o pintor Amadeo de Souza-Cardoso e os dois pastorinhos de Fátima morreram com esta doença.

8/22/2009



Todos precisamos de paixão. Não, não é de lamechice que estou a falar... é de paixão. De nos sentirmos arrebatadas. Nem tem nada a ver com romantismo. Esse é mais calmo. Tem a ver com emoção. É necessária. Recentemente lembrei-me novamente deste filme, o meu preferido enquanto adolescente (típico...). Para dizer a verdade lembrei-me porque passou esta música na rádio e fez-me lembrar dos longos suspiros a ver esta dança final...E fez-me lembrar do quanto é necessário sentir essa paixão, nem que seja por uma breve dança...

8/09/2009

Férias...

Vou de férias... Foi um ano muito cansativo. Com dois empregos e uma tese de mestrado para entregar nos prazos estabelecidos feita nos poucos tempos livres. Com uma folga de quinze em quinze dias. Já chega.... não aguentava muito mais.

Simplex + novas oportunidades

Depois de quase ter ficado retida no aeroporto de Marselha por ter o B.I. caducado há três dias, eis que, passado quase um mês dessa situação, decidi ir renová-lo, que é como quem diz, fazer o Cartão do Cidadão... aquela cena pidesca onde está TUDO sobre nós.... A última vez que fui renovar o B.I. a coisa até foi relativamente simples:

Cheguei ao balcão do registo civil (não estava ninguém na fila).
Disse que ia renovar o B.I..
Preenchi uma papelada.
Fui medida.
Demorou cerca de dez minutos.

Para ir buscá-lo o processo também foi simples:

Cheguei ao balcão do registo civil (não estava ninguém na fila).
Pedi o B.I. em causa.
A funcionária procurou e entregou-mo.

Demorou cerca de cinco minutos.

Agora lá fui eu, crente no SIMPLEX, acreditando que tudo era mais simples e mais rápido... Mas desta vez a coisa não foi tão simples:

Cheguei às dez da manhã e procurei uma senha para tirar para o objectivo em causa... não havia...

Não percebendo muito bem como é que a coisa se processava, perguntei a uma das vinte pessoas que se acumulavam naquele espaço se ela sabia qual o processo para fazer o Cartão do Cidadão... Lá me foi explicado que era preciso ir muito cedo para a fila...hmm.. fila? mas que fila? não se tira uma senha e pronto? Pois, parece que não... a própria fila é para tirar uma senha... e a senha é para quê? Pois... para se marcar uma hora para durante a tarde desse dia ir lá fazer o cartão... Então lá fiquei à espera de conseguir falar com a pessoa que estava atrás do balcão que me explicou que para esse dia já não havia marcações. Teria que voltar noutro dia...

(nota: parece que antes eles faziam marcações para os dias seguintes. Ia-se lá numa segunda-feira, por exemplo, ficava-se na fila de espera para a senha de espera para fazer a marcação para, tipo, quinta-feira.)

E pronto, duas semanas depois, com mais uma folga ao jeito para fazer isso (ainda bem que tenho folgas durante a semana porque quem não tem gasta dias de férias nisto), lá fui... Consegui marcação para tarde. E pronto... aqui até foi relativamente simples, uma vez conseguida a marcação. Fui chamada e lá fui olhar de frente para a máquina da verdade ... verdade porque ela não se engana na nossa altura (infelizmente para mim), sorri sem mostrar os dentes, olhei para cima como me mandaram e "Thcac" lá fiquei com cara de parva a cerrar os lábios enquanto olhava para cima (não sei se estão a imaginar...).




Mas...... foi preciso ir buscar o cartão.... Tenho que admitir que a carta para o ir buscar até foi rápida. Demorou cerca de uma semana. E lá fui, convicta de que seria rápido... Mas não!

Basicamente parece-me que há aqui um conflito de programas governamentais: com o simplex muita coisa foi informatizada para agilizar as coisas. "Informatizada" significa mais computadores e mais coisas... informáticas, portanto. E com as novas oportunidades muitas pessoas que nunca tinham mexido num computador (literalmente) ficaram com habilitações suficientes para que, estando inscrita no Centro de Emprego e a receber subsídio, o estado as fosse contratar para os serviços públicos quando necessário. O resultado é: mais computadores e mais pessoas que não percebem absolutamente nada de computadores. A consequência deste resultado? Três horas numa fila, que tinha, inicialmente, apenas 10 pessoas à minha frente!

Tentando entender o porquê da demora, aproximei-me para observar o processo e deparei-me com estas situações:

A senhora punha o cartão num ranhura, para que este fosse identificado, e ficava à espera que algo acontecesse... Quando via que nada acontecia movimentava o rato para trás e para a frente e de vez em quando clicava em algumas coisas. Nada acontecia... então tirava o cartão e inseria os números do cartão (em algum sítio, porque eu só a via pressionar os dígitos do teclado). Nada acontecia... finalmente pedia ajuda a alguém. Lá vinha alguém. Numa das vezes a resposta foi: "Isso não dá porque é preciso clicar no CONTINUAR" Senão não aparece o écran onde ENTÃO se põe o número". Depois havia a parte de procurar o CONTINUAR, conseguir colocar a seta do rato em cima do botão e então CLICAR. Isto repetia-se em várias fases do processo! E quando chegou a hora de almoço da funcionária, ela levantou-se, a meio do processo de entregar um cartão e disse: "Desculpe, mas chegou a minha hora de almoço, depois alguma das minhas colegas virá cá acabar de lhe entregar o cartão!". E foi o que nos valeu, ela ir almoçar. A funcionária seguinte, ágil e competente, despachou mais gente... Quando a primeira voltou do almoço, apesar dos protestos de quem lá estava a ver que a coisa ia abrandar outra vez, lá estivemos mais quinze minutos até a senhora perceber qual o programa, todo o conceito de inserir a password, o que é uma password....

E três horas depois lá consegui obter o meu cartão onde estou com cara de parva a olhar para cima!

8/08/2009

Colapso

Encontrei um viajante de uma terra antiga
Que me disse: "Duas imensas pernas de pedra sem tronco
Erguem-se no deserto. Perto delas, sobre a areia,
Jaz, meio enterrado, um rosto despedaçado, cujo olhar severo,
Boca franzida e esgar de frio comando,
Revelam que o escultor decifrou bem as paixões,
Que sobrevivem ainda, gravadas nestas coisas sem vida,
A mão que as arremedou e o coração que as alimentou:
E sobre o pedestal surgem estas palavras:
'O meu nome é Ozymandias, rei dos reis:
Olhai as minhas obras, ó Poderosos, e desesperai!'
Nada para além dele perdura. Em torno da ruína
Desse colossal destroço, ilimitadas e nuas
As ermas e suaves areias estendem-se na distância."

Ozymandias, por Percy Bysshe Shelley

7/26/2009

Agosto

Gosto do Verão, gosto dos emigrantes, gosto da agitação dos ça va's para aqui e je riggolle para ali, gosto da pasmaceira de estar na rua a falar com quem passa, gosto de almoçar sardinha com tomates e pimentos assados, gosto dos casamentos e baptizados e morrer de calor com o vestido da cerimónia, gosto de conhecer toda a gente na esplanada, gosto de me aperceber que de facto gosto disto, ao contrário do que pensei durante muito tempo, gosto de ver bebedeiras cómicas de pessoas carrancudas... só não gosto de trabalhar ao domingo...

Ouvido de passagem...

-Se fosse eu ao teu namorado tinha ficado chateado por não me dizeres para ir...
-Se o meu namorado fosse como tu, tinha-te dito para ir...

Lol

Um homem vai a uma vidente. Bate à porta.. knock knock..
- Quem é? - responde a bruxa.
- Mau, já está a começar mal..

Sobre os casamentos


Há qualquer coisa de emotivo, profundo e quase fatal nos casamentos. Enquanto adolescente não me emocionava absolutamente nada com casamentos, provavelmente fruto da frequência com que ia... uma média de 3 ou 4 casamentos por ano... Mas desde há algum tempo para cá não consigo deixar de evitar aquela sensação estranha de ser atingida por uma emoção meio indefinida. Foi desde um dos muitos casamentos a que assisti em que chorei pela primeira vez. Vá-se lá saber porquê... Mas não é emoção pela parte romântica, nem por querer casar, é mesmo porque me lembram como é inevitável o tempo passar. Ontem fui a um... e elas lá estavam... a noiva e as amigas, jovens, mais jovens do que eu, muitas casaram no último ano... felizes, recém-casadas no caminho inevitável e fatal da vida a caminhar para também elas serem mães de noivas felizes e jovens.... Ver a minha mãe e tantas da idade dela também juntas, como acontece nestas festas, alegremente a conversar fez-me perceber o quanto há de ancestral nesta coisa dos rituais que passam pela vida... Quase que conseguia vê-las também elas jovens, noivas e felizes, sem sentirem ainda que brevemente também ia ser assim. Gosto de rituais, gosto muito. Acho marcante... gosto que a vida seja assinalada por eles, são marcos. E a noiva a cantar, sem música, com as amigas à volta, os amigos do noivo a brindar a ela, a família, os amigos dos pais, os novos, os velhos, as crianças... a confusão... tudo isto quase parecia um filme que podia ser intemporal, passado mil vezes a preto e branco (só a cor ditaria a diferença) só com a voz da noiva como banda sonora....

7/04/2009

Abertura fácil


Já tentaram (presumo que sim, pelo menos quem usa a marca...) abrir a embalagem deste champô com as mãos molhadas e com espuma? É uma complicação. A bola saída deve ser para facilitar a abertura mas, como é redonda e macia, os dedos escorregam e escorregam. Só com as unhas (já parti uma a tentar). Para quem tem dedos pequenos como eu é ainda mais dfícil. Era só cortar a bola por baixo, na direcção da abertura e pronto, já se abria melhor! Normalmente acabo a bater com a embalagem de champôr num qualquer canto do chuveiro para aquilo se abrir.

6/30/2009

Verão na TV ... que bom, hã

Mais uma vez, como em todos os Verões a televisão dos pobres, aquela dos 4 canais, foi invadida por programas de Verão. Aqueles de apresentadoras de calça branca e top’s coloridos, assistência e convidados de mini-saia e vestidos vaporosos, filmados algures no Litoral português, "na sua terra", como eles dizem, e com muitos cantores pimba, alguns ainda a sacudir o mofo acumulado no Inverno. É engraçado ver, naqueles dias em que faz frio...(sim, porque não é por um programa se chamar Verão total que vai fazer calor, que o Verão não se compadece com locais de filmagem) os convidados e apresentadores cheios de frio, a tentar ter um ar de quem está a curtir muito o sol. Também tem que haver crianças, claro... e foi giro vê-las brincar e dançar na areia.... TODA MOLHADA, porque.. eh eh... choveu! Aliás, num dos canais a apresentadora de um tal Verão Total estava a entrevistar alguém com um chapéu de chuva! Enquanto a outra pessoa cruzava os braços e se tentava aquecer a ela própria...Cómico.

6/28/2009

Medo

Há uns tempos tentaram assaltar a casa onde vivo, em Coimbra. Eu estava a chegar a casa, e outras pessoas estavam já em casa quando partiram o vidro da portada, abriram a primeira porta e começaram a tentar abrir a segunda. Esta era mais difícil de abrir e o assaltante começou a dar pontapés violentos para entrar. Foi um susto enorme. Primeiro pela sensação de invasão e depois porque o assaltante sabia que estavam pessoas em casa, devia presumir que aquela barulheira toda, depois do vidro a partir e dos pontapés, iria acordá-las. Não sei se estava armado ou se estava só desesperado mas, nesse momento, em que tentámos afuguentá-lo só me apetecia parir-lhe a cara. Bater-lhe até ele chorar. Praguejei contra todas as leis que de alguma forma protegem estes criminosos. Ele acabou por fugir enquanto chamávamos a polícia. Claro que a polícia nada pôde fazer, até porque não o apanharam em flagrante. Na altura lembrei-me de que tinha visto alguém "suspeito" a rondar a casa durante toda a tarde e disse à polícia, a medo, porque isto de apontar dedos sem provas é um bocado chato. A descrição coincidia com um indivíduo referenciado noutros assaltos, principalmente o carro. A partir daí sempre que vejo essa pessoa tenho medo. Já o vi noutras situações suspeitas, e parado junto ao meu local de trabalho e tenho sempre medo. Posso estar completamente enganada, pode não ter tido nada a ver com o assalto, mas o medo ficou lá. É injusto isto do ter medo. Porque trabalho, porque sou honesta, porque tudo... porque não é justo eu ter medo de alguém sem eu ter culpa nenhuma. E não é justo que haja pessoas que defendem essas pessoas.

E pronto, tenho dito. Sou um bocado extremista nestas coisas. Quando o mal é feito deliberadamente, quando está provado, aí, não há defesa, não há sociedade culpada, há só escolhas.

6/27/2009

Espíritos livres

S. é aquilo a que chamo um espírito livre. Há pessoas assim. Conhecemos e vemos logo que são feitas de sonho e de vento e estão aqui para voar. E quando não voam definham. E não são felizes, porque só amor não lhes basta. E, às vezes, até decidem não ouvir o vento que as chama e ficam. E tentam. E às vezes até conseguem quando apanham a brisa e a trancam no quarto onde às vezes podem ir voar. Até as chamarem, porque só o vento também não basta.

Thriller

Cresci ao som disto... É um daqueles ícones com que sempre convivi e que agora desapareceu. Não sou fã porque, sinceramente, há pouca coisa da qual possa dizer que sou fã, mas tinha muitas vezes músicas do Michael Jackson na cabeça. Tive pena...

Thriller

It's close to midnight and something evil's lurking in the dark
Under the moonlight, you see a sight that almost stops your heart
You try to scream but terror takes the sound before you make it
You start to freeze as horror looks you right between the eyes
You're paralyzed

'Cause this is thriller, thriller night
And no one's gonna save you from the beast about strike
You know it's thriller, thriller night
You're fighting for your life inside a killer, thriller tonight

You hear the door slam and realize there's nowhere left to run
You feel the cold hand and wonder if you'll ever see the sun
You close your eyes and hope that this is just imagination, girl!
But all the while you hear the creature creeping up behind
You're out of time

'Cause this is thriller, thriller night
There ain't no second chance against the thing with forty eyes, girl
Thriller, thriller night
You're fighting for your life inside a killer, thriller tonight

Night creatures calling, the dead start to walk in their masquerade
There's no escaping the jaws of the alien this time
(They're open wide)
This is the end of your life

They're out to get you, there's demons closing in on every side
They will possess you unless you change that number on your dial
Now is the time for you and I to cuddle close together, yeah
All through the night I'll save you from the terror on the screen
I'll make you see

That this is thriller, thriller night
'Cause I can thrill you more than any ghost would ever dare try
Thriller, thriller night
So let me hold you tight and share a
Killer, diller, chiller, thriller here tonight

'Cause this is thriller, thriller night
Girl, I can thrill you more than any ghost would ever dare try
Thriller, thriller night
So let me hold you tight and share a killer, thriller, ow!

(I'm gonna thrill ya tonight)
Darkness falls across the land
The midnight hour is close at hand
Creatures crawl in search of blood
To terrorize y'alls neighborhood

I'm gonna thrill ya tonight, ooh baby
I'm gonna thrill ya tonight, oh darlin'
Thriller night, baby, ooh!

The foulest stench is in the air
The funk of forty thousand years
And grizzly ghouls from every tomb
Are closing in to seal your doom

And though you fight to stay alive
Your body starts to shiver
For no mere mortal can resist
The evil of the thriller


P.S. É engraçado como já começaram a aparecer aqueles rumores, ainda que timidamente, de que ele não morreu mesmo e é tudo um golpe publicitário. Será que os famosos não morrem? É sempre um golpe publicitário? Se calhar estão todos numa ilha, tipo Lost... agora que o Elvis deve estar mesmo muito velho, vai o M.J. assumir o comando...

As beiras

Já repararam que no site do jornal "As beiras" tem uma rubrica com os artigos de opinião com os colunistas do jornal e que são TODOS docentes da U.C.? Mas será que essa é a única profissão nesta cidade? É que... há outras profissões... há empresários (poucos, claro), há outras pessoas, que não sendo os senhores doutores professores exmo's da U.C. também contribuem para a cidade, se calhar até mais. Será política do jornal? Só ter colunistas que sejam docentes da U.C.? É que há mais na cidade... eu sei que pouco mais porque estas coisas abafam um bocado tudo o resto, mas há mais...
Há pouco tempo encontrei uma família que veio visitar a Universidade de Coimbra porque o filho estava indeciso entre concorrer para Coimbra ou para o Porto. E dizia o pai: "sabe, menina, só viemos cá por mera curiosidade, porque o que todos sabemos, lá no Alentejo, é que esta universidade já não vale nada, é só um monte de senhores doutores que de tanto olhar para o umbigo se esqueceu que tinha que evoluir..." O rapaz, com média de 19 a querer entrar em Arquitectura acabou por decidir que vai concorrer para o Porto.

6/25/2009

Telemóveis

Porque é que as pessoas atendem os telemóveis só para dizer "Olhe, desculpe, agora não posso atender..." ...................... Então porque raio atendeu e me fez gastar dinheiro??

Porque é que há pessoas que atendem o telemóvel no carro, não baixam o rádio e estão a gritar "Fale mais alto que não estou a conseguir ouvir bem".................. porque não baixar o rádio??

6/20/2009

Rescaldo...


E agora? Já não temos "direito" ao TGV? Sempre achei este cartaz ridículo.. "direito"... por favor. E o meu direito a ter uma lancha rápida no rio Mondego? Bom, se calhar perderam porque foram atrás dos votos daqueles que acham que ter um TGV é um direito deles e que acham que vão andar um dia nesse TGV... com votos desses qualquer um perde. Agora com este adiamento daquilo a que temos direito não podia deixar de apontar aqui...

6/18/2009

A propósito do Destino

Conta-se que um dia a Morte se aproximou de um homem e lhe segredou ao ouvido: "prepara-te, homem, amanhã, ao final do dia venho-te buscar". O homem, em pânico com tal revelação, pôs-se a pensar em como se iria livrar da Morte. Analisou todas as hipóteses de morrer: seria de acidente de carro, a vir do trabalho? Seria uma bala perdida? Seria atropelado? Seria de ataque cardíaco? Como ainda tinha um dia resolveu tentar fugir para o mais longe possível da morte. Apanhou um avião para o outro lado do mundo. Ao chegar apanhou um comboio, depois um autocarro, um taxi e, finalmente caminhou até ao cimo da montanha mais alta, o mais longe possível da sua terra e da Morte... Ao chegar ao cimo da montanha, respirando de alívio eis que avista alguém que se aproxima. A Morte caminhava para ele e, olhando para o relógio, disse: "Bom, estava a ver que não chegavas a tempo ao encontro marcado..."

6/03/2009

Por estes dias de campanhas II

Parece que o POUS defende a proibição dos despedimentos para resolver o problema do.... desemprego, claro.

Pois eu proponho que se proiba também as empresas de falirem e que se proiba as empresas de terem prejuízo e que se proiba...hhmmm... o crime. É proibido mas não faz mal vamos proibir outra vez.

5/28/2009

Por estes dias de campanhas

Por estes dias de campanhas tenho, mais uma vez, a forte sensação de que se o povo português (não ligado à política, leia-se) saísse de mansinho sem dizer nada, se mudasse para um qualquer território, para começar um novo país, e deixasse cá os políticos sozinhos eles nem se aperceberiam, tão entretidos que andam sempre uns com os outros e as suas politiquices. Talvez o Paulo Portas notasse quando visse a feira vazia. E se fossem os políticos a sair, parece-me que também demoraria algum tempo até percebermos. E depois haveria festejos.

5/17/2009

Novo blog aqui na lista ao lado

Foi dos meus professores preferidos, embora ele não o saiba. Daqueles que quando vemos nas escadas da Faculdade confundimos com um aluno mas depois de entrar na sala percebemos que tem uma personalidade didáctica tão robusta como as botas que tinha calçadas. Não fui a tantas aulas como gostaria, fruto de várias coisas. Confesso que até me atrapalhava bastante a falar com ele, houve uma vez que deixei cair as folhas todas que tinha na mão a sair do gabinete dele. Depois do curso acompanhei o blog dele e fiquei com bastante pena quando ele o terminou. Encontrei-o mais tarde na Faculdade de Direito naquele inútil concurso para diplomatas. Ele também concorreu. E agora reencontrei a escrita do "teguivel" e não podia deixar de pôr aqui um link...

5/16/2009

S.A.R.I.P.

Já há muito que estava para pôr aqui um link para este blog dos meus caros colegas do curso de Relações Internacionais. Foi dos primeiros blogs que li (eu demoro um bocado a aderir a tudo o que é novo...) Pronto, aqui está então... O blog da Sociedade Anárquica de Relações Internacionais Piemmel... SARIP

5/03/2009

Maio

Pó dos pinheiros, pó de maio, causa alergias e nostalgias. É este sol que Queima, que planta saudades, acho eu, nem sei bem. Não tenho paciência para isto, mas isto bate forte quando olho para o lado. É uma espécie de nostalgia, é uma espécie de inveja, é uma espécie de passado que lá ficou. É isto que os velhos sentem? Não quero saber de Cortejos nem coisas tais, não tenho paciência para aturar bêbedos. Que incoerência a minha, eu sei mas são incoerentes as almas atormentadas pelo Mundo, como as que vão para Fátima a pé. Comove-me este povo que caminha, deixa-me irritada porque vão no meio da estrada. Tolos, não se ponham em perigo, não me ponham em perigo. (também devia ir, levar-me ao extremo do cansaço para depois descansar). Olha, que giro, vendem-se laranjas de Lamego e de Resende, aqui na nacional ao pé de Pombal, pelo menos é o que diz a placa. Algum carro de apoio aos peregrinos aproveitou a viagem e trouxe as laranjas para vender. Tem que ser, a crise não perdoa, a fé não são laranjas. Todos temos que comer. Almas atormentadas, que vendem laranjas na beira da estrada e andam pelo que acreditam. Comove-me este povo, gosto deste povo. Ás vezes. E do outro, o que bebe até cair para o lado, ao lado de quem quer que seja, que nem só a comida é alimento. Ontem enterrei um pássaro. As “minhas” crianças ajudaram-me. Tiveram pena. Eu também. Era um bebé pássaro. São pequenas as “minhas” crianças, eu não lhes devia ter mostrado o cadáver, acho eu e ensiná-las a enterrá-lo. Rezámos uma oração por ele. Uma já não quis lanchar. Coitada. Percebo. Mas havia crianças no caminho para Fátima, e daqui a um segundo, o mesmo que passou desde que vi o nascer do sol na ponte de Santa Clara naquele dia em que alguém disse para olharmos, porque num instante já não estaríamos lá, estarão elas lá. Por isso não faz mal enterrarem um pássaro. Um dia será ele pó… pó de estrelas. Será? Se calhar só dos pinheiros, pó de Maio, e a nostalgia será delas, que pela primeira vez enterraram um pássaro.

5/02/2009

Mais centros comerciais

Segundo esta notícia, do Expresso, Portugal vai ter mais nove centros comerciais enquanto por toda a Europa estão a recusar a abertura de mais centros comerciais. Confesso que fiquei aliviada por poder ter mais um sítio cheio de lojas para ir passear ao Domingo. Eu e muitos portugueses que quase teriam que arranjar outro programa, quiçá ao ar livre! Que horror, não, não... já bastou os anos de ditadura em que maior parte das pessoas vivia ao ar livre, até porque vivia da pequena agricultura e não havia estas coisas. Bastou esse tempo de pobreza... porque todos sabemos que os pobres é que andam ao ar livre. Mas agora somos iguais aos outros, aos desenvolvidos e já nos podemos enfiar em centros comerciais carregados de...de... de pessoas que trabalham aos Domingos (mas não faz mal, pois não? Estamos a criar emprego... e do bom!) , e carregados de roupas, roupas iguais a ... roupas, que são iguais em todo o lado! Viva os centros comerciais. E de preferência que os façam em zonas ambientalmente protegidas, para não nos darem mais despesas. Matamos dois coelhos de uma cajadada só... matamos coelhos e não só...

N'O Público: "Câmara de Lisboa vai começar a usar água reutilizada para lavar ruas e regar zonas verdes "

Será este um passo rumo à utilização dos sistemas duais de abastecimento de água? Não se tratando ainda de um sistema físico implementado, é uma abertura à implementação destes. Um sistema dual implica o abastecimento de dois tipos de água: água potável para consumo humano e água reciclada (a partir das águas residuais) para outros fins que não requerem água potável, como por exemplo o uso em autoclismos. A água potável existente no planeta é muito escassa e deve ser poupada. O uso desmedido desta água para qualquer fim é um hábito que vai contra a poupança que devemos fazer. Claro que é extremamente caro e complexo implementar estes sistemas numa cidade toda mas pode começar a ser implementado em novas urbanizações, em hóteis, nos jardins públicos. Na Austrália há várias cidades que já usam este sistema e novos bairros de Sydney preparados para isto. Na Índia também estava em estudo um sistema deste tipo e na Itália também há hotéis que já têm, entre outros países. Nalguns países menos sensíveis para as questões da água pode ser difícil ultrapassar alguma resistência, por parte da população, à ideia de usar água reciclada mas é importante informar que esta água também é tratada. Há a questão da segurança. Houve uma cidade australiana em que trocaram os tubos, fazendo uma ligação de água reciclada a água potável, pelo que é importante a formação dos técnicos que fazem a instalação e uma boa sinalização. Há também a questão do preço, podendo haver diferenças de preço entre os dois tipos de água. De qualquer forma o importante é que este é um caminho quase certo em pouco tempo...

4/25/2009

Darwin no Museu da Ciência


Abriu no passado dia 23 de Abril, no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra esta exposição. Vale a pena visitar. O Museu encontra-se aberto de Terça a Domingo (excepto 1 de Maio, dia do Trabalhador) entre as 10H00 e as 18H00 (convém ir antes para apreciar com tempo tanto esta como a exposição permanente do Museu). O preço da entrada é de 3 euros, e há descontos para professores, estudantes, cartão jovem e seniores, mediante apresentação de cartão. Se clicar no título é direccionado para o site do Museu onde pode obter mais informações.

4/19/2009

Zé Coveiro

Parece que o Zé Coveiro, figura mítica lá para os lados de uma pequena vila do centro de Portugal, tinha muita pancada e pouco medo.
Conta-se que um dia o Zé Coveiro arranjou um ajudante, menos destemido para esse mórbido trabalho que era enterrar os mortos e alvo fácil para as ideias dele. Houve então um funeral na vila que, atrasando-se, chegou ao cemitério já depois do pôr-do-sol! Ora, não podendo os mortos ser enterrados depois do sol havia que guardar a urna no cemitério e tomar conta do defunto até ao dia seguinte, para ser depois enterrado. Ficou o Zé Coveiro, e o ajudante - que ajudante é para isto mesmo - encarregue da tarefa. Durante a noite a fome começou a apertar e diz o Zé Coveiro para o ajudante "Oh pá, há ali em baixo umas laranjas deliciosas. Agora que é noite ninguém nos vê se as formos roubar. Tu ficas aqui a tomar conta do defunto e eu vou lá". Note-se que na altura ainda não havia luz eléctrica. Mas o ajudante não quis tal acordo, se tinha que ficar sozinho com o defunto. Decidiram então que iria o ajudante buscar as laranjas e o Zé Coveiro ficava no cemitério. Enquanto o pobre rapaz lá ia, lembrou-se o Zé de lhe pregar um grande susto. Tirou o defunto do caixão e encostou-o à parede, no sítio onde ele devia estar! Então, deitou-se ele dentro do caixão, deixando uma fresta aberta e esperou... Chega o ajudante com as laranjas e, como mal via os contornos da noite, não dando pela troca, diz ao defunto "Toma Zé, toma uma laranja, são bem boas..." como não obteve resposta, insistiu "então mas não dizes nada, Zé? Agarra a laranja ou não queres?" Vira-se então o Zé Coveiro dentro do caixão, põe uma mão de fora e diz com voz cavernosa "Se ele não quer, quero eu!!" Pobre ajudante, mal conseguiu gritar, deixou cair as laranjas todas pela encosta do cemitério abaixo e desatou a correr até à vila, gago de tal susto! Nunca mais foi ajudante do Zé, o Coveiro.

4/18/2009

Agitação na vila...

Por este(s) dia(s) Coimbra está agitada. Há um colóquio sobre Património e Ciência, há Olimpíadas de Química, há inauguração do Mosteiro de Santa Clara (vi algures que os arquitectos tinham amuado - palavra que tenho associado muito arquitectos - excepto a ti, verixe), haverá a inauguração da exposição sobre Darwin no Museu da Ciência... entre outras coisas que fazem a vida social desta pequena vila. Há também um casamento, não sei de quem, mas sei que ocupam os estacionamentos que eu precisava...Coimbra está agitada.

4/10/2009

Coimbra é dos espanhóis

Já nos anos anteriores foi assim. Aproxima-se a Páscoa, já entrámos no fim-de-semana. Coimbra está vazia... ou quase. Neste momento é dos espanhóis. As pensões da baixa têm nesta altura uma lufada de ar espanhol. Ainda bem que eles às vezes nos salvam. Falei com dezoito pessoas hoje. Entre casais jovens e famílias, eram todos espanhóis. Mesmo assim pelas informações dos locais turísticos vieram muito menos este ano, até ao momento. Também reparei. Os que vieram são os que ainda não foram afectados pela crise, presumo. Também vieram menos tempo. Começaram a vir mais perto do fim de semana. É pena, eles dão vida a esta cidade nestas alturas. E dinheiro à Polícia Municipal, a julgar pela quantidade de carros espanhóis que vi aí bloqueados ontem. Gostaria de saber o que pensam quando vão embora. Será que foram bem tratados? Gostaram? Ficaram chateados por estar quase tudo fechado? Alguns ficam, segundo me disseram, mas Coimbra é assim (e mesmo assim já melhorou). A cidade que comete a arrogância de achar que se basta a si própria. Pois não basta. Espero que os nossos turistas espanhóis não achem o mesmo e que vão e voltem e tragam um amigo. É bom para a cidade e podia ser ainda melhor...

4/04/2009

Make up


É muito raro comprar maquilhagem, normalmente uso a que me oferecem. Mas hoje, como mulher adulta que tenho que ser, fui comprar um rímel. Lá vi e revi e pedi opinião profissional... uns enrolam as pestanas para parecerem maiores, outros dão mais volume, para parecerem maiores, outros têm uma aplicação prévia nas pestanas, para parecerem maiores e há ainda os que vibram e separam as pestanas umas das outras (segundo ouvi dizer) para parecerem maiores... Depois de muita ponderação e de experimentar os vários ...escolhi o mais barato.

3/28/2009

Censos

O recenseamento da população de um país é um procedimento bastante antigo. Um dos recenseamentos mais conhecidos é referenciado na Bíblia: segundo os relatos da altura este coincidiu com a altura do Natal. Maria estaria a fugir do recenseamento ou a ir para o local do recenseamento. Inclusivé este recenseamento terá sido usado para perseguir Jesus Cristo (matar todos os meninos com menos de um ano seria a solução). Mas há dados que remetem para recenseamentos feitos na China há cerca de 6000 anos atrás. A importância dos censos era óbvia: perceber quantos homens jovens se podia dispender numa guerra, perceber onde estava a maior força de trabalho, a maior produção, quantas bocas haveria para alimentar. Hoje em dia a importância é mais administrativa e informativa. Segundo Fernando Casimiro, do INE, os censos são, no fundo a fonte estatística mais completa e fiável que os países conseguem ter, actualmente. No entanto, exactamente por ser fonte de informação os censos são vistos com alguma desconfiança. Esta desconfiança tem um fundamento geral: é uma recolha de informação sobre cada um de nós e qualquer interferência na privacidade é tomada com uma forma de possível controlo da nossa vida; e um fundamento mais concreto: na história recente os censos foram um instrumento de guerra. Hitler usou o recenseamento da população para identificar os judeus, que viria a perseguir. Os alemães, ao invadirem a França dirigiram-se ao INSEE para obter informações sobre os judeus em França e sobre a actividade económica, nomeadamente a identificação e localização de indústrias importantes para o esforço de guerra. Estas são algumas razões para o medo da concentração de informação sobre todo o país: quem terá acesso a essa informação e o que pode fazer com ela? Há países com mecanismos preparados para que, em caso de invasão de outra potência todos os ficheiros dos respectivos institutos nacionais de estatística sejam destruidos imediatamente.
Actualmente, com o surgimento do cartão do cidadão que cruza e junta a informação toda do cidadão de um país a questão da privacidade ressurge. Provavelmente, talvez não em 2011, mas em 2021 o recenseamento já não será feito através do inquérito porta a porta mas pela extracção de informação da máquina burocrática do estado. Tudo o que há para saber sobre nós poderá ser acedido pelo Estado. É isto perigoso? Num país democrático, em princípio não deverá ser porque há algum controlo do poder, mas numa ditadura o perigo é real. Há várias opiniões acerca deste assunto. Por um lado é verdade que mesmo sem censos, caso haja uma ditadura, facilmente o ditador faz um recenseamento da população, rápido e completo para os objectivos que tiver, por isso a questão do perigo nem sequer se coloca. Mas por outro será que o acesso a informação toda poderá facilitar a ascensão de um ditador?

3/27/2009

Dois novos blogs

Acrescento dois novos blogs a esta lista. Não é por nenhuma razão em especial. São só blogs que tenho lido e, como gosto de os ler, aqui estão: Ana de Amsterdam e o Regabofe.

3/15/2009

Aquário

Quero ter uma casa com varanda, e um quintal onde eu possa respirar... Pôr uma rede e assim ficar, a balançar, com o cheiro da erva e o cheiro da terra. Quero poder ver longe e ouvir grilos. Treinar a vista e plantar pimentos. Nada menos do que isso. Quem seria eu para mim se me desse menos?

3/07/2009

Bolas de sabão

Todas as tardes ela até ao rio. Ficava lá a olhar, fascinada e a fazer bolas de sabão. Soprava no líquido, muito delicadamente até se formar uma bola que, muito suavemente se desprendia e voava. Leve, quase transparente, não fosse as cores lindas que se formavam na bola. Voava, voava, sempre a tentar chegar mais alto...até que... rebentava. Nunca chegava muito longe, mas ela tentava novamente. Sempre de costas para as pessoas que passeavam no parque. As famílias, os namorados, os amigos...
Ele vendia gelados no verão e waffles no inverno. Era o herói das crianças, no verão refrescava e no inverno aquecia. Vi-a ali todo o ano, sempre a fazer bolas de sabão, sempre de costas. Parecia linda, com aquele cabelo comprido. Um dia ganhou coragem. Pegou num waffle, encheu-o de chocolate quente e espesso e foi até lá. Passou por entre as famílias e sentou-se ao lado dela. Finalmente ia conhecê-la. Ela olhou para ele e ele para ela e foi então que percebeu.... Ela tinha rapado as sobrancelhas.

2/28/2009

Sobre doutores e engenheiros

Três situações irónicas que se passaram comigo, a propósito dos títulos, que mostram o quão ridículo pode ser isto dos doutores e engenheiros:


Ouvido de passagem:

- Então a menina dra. gisela quer este livro é?


Conversa telefónica:

-Eu quero falar com uma senhora que marcou aqui uma reunião...Edite era o nome dela...
-Ah não sei, não sei. Era a doutora?
-Não sei...só fiquei com o nome...
-Se calhar é a nossa doutora...
-Então mas o nome dessa doutora é Edite?
-Ah, menina, não sei o nome dela...ela quer que a gente a trate por doutora e eu trato. Agora o nome não faço ideia

Num estágio:

A sra da limpeza (que ganhava 600 euros):
- Então a doutora está agora aqui é?
A estagiária (que ganhava 0 euros)
-Pois, mas não me trate por doutora, estou aqui a fazer estágio não remunerado.
-É doutora é, é uma questão de respeito! Então a doutora está a trabalhar de graça, é isso?

2/21/2009

Made in Xangai

A Marta foi para a China (para o efeito não é importante saberem quem é a Marta). E como foi para a China e TODOS queremos saber como é estar na China pela primeira vez (pelo menos eu quero) a Marta tem um blog para contar tudo... É uma espécie de Gonçalo Cadilhe, mas não lhe pagam para escrever. Voltando só um bocadinho atrás, a Marta não tem um blog, tem dois. Isto porque o primeiro foi censurado... estava alojado no wordpress, domínio, obviamente censurado na China (já estávamos à espera disso, já tínhamos comentado). E agora a Marta tem outro blog. Se quiserem ver, cliquem no título e.... boa viagem.

2/15/2009

Crise

Já viram a quantidade de livros que se escreveram recentemente graças à crise? Como sobreviver à crise, ultrapasse a crise e coiso e tal. E os mails... recebi recentemente um que anunciava que o autor já tinha previsto, profeticamente, que a crise iria acontecer!! Uma crise provocada pela ganância do homem que só pensa em comprar, comprar, pedir empréstimos sem pensar nas consequências. E, como o autor é um profeta, uma pessoa do bem, dava a possibilidade de comprar o seu livro... pela módica quantia de 50 € por mês, com uma taxa de juro atractiva!
Parece que a melhor forma de sobreviver à crise é ... escrever um livro sobre como sobreviver à crise.

2/07/2009

A vida nos carris

É Fevereiro novamente. Este mês incomoda-me. Passou um ano. Não fui por aí conhecer sítios. Não perdi a cabeça. Que tédio. Porque é que isto me inquieta tanto? Este tédio, este passar de tempo. Lembro-me da última vez que fui à Eurodisney. Andávamos a decidir quem é que ia para onde, para que diversões íamos e reparei que havia uma pista com carros. Parecia mesmo karting: os carros de karting, a pista aparentemente lisa e grande... e concordei ficar ali com os mais novos enquanto os mais velhos iam à montanha-russa do Indiana Jones. Lá fui, sempre gostei de conduzir. Quando finalmente entrei, reparei que afinal os carros tinham aquela pista toda mas havia uns mini carris que, apesar de criada a ilusão de que conduzíamos os carros nas curvas e contra curvas, nos impediam de sair da estrada. Na verdade éramos completamente guiados. Um plano que alguém definiu para aquela viagem. Uma decisão mórbida de nos fazer acreditar que controlávamos e podíamos andar por ali à vontade. Mas afinal havia carris... disfarçados, mas havia. Não decidíamos nada.

1/17/2009

Aviões




Tenho medo de andar de avião. Já andei várias vezes e continuo a ter medo. Aliás, tenho cada vez mais medo, isto com a idade piora. A última vez, em que fiz duas viagens de ida e duas de vinda, por causa da escala, houve problemas em três das viagens, desde o avião avariar nitidamente na descolagem até o andarmos a dar voltas a mais para aterrar. Numa delas entrei em pânico, tal como o senhor musculado e tatuado, com ar de Rambo, que ia à minha frente. Acho que vê-lo tremer de medo me deixou pior ainda. Julgo que isto se deve ao facto de não ter controlo e não conhecer as pessoas que me "conduzem". Não posso controlar a eficiência deles. Nem dos outros. Evito viajar de avião mas sempre pensei que quando voltasse andar tinha-me que me convencer que podia confiar nos pilotos e que mesmo havendo problemas eles resolveriam tudo. Nunca imaginei os pilotos em si, mas agora imagino. Uma das formas de tentar ultrapassar o meu medo é ver situações de acidentes em que há sobreviventes porque me deixa pensar que mesmo nos piores momentos nem tudo está perdido. Pelo menos com o piloto deste avião ao comando. É de facto um herói. Para mim é um herói. E devolveu-me parte da coragem... pelo menos até o comentador da sic para esta notícia, piloto e consultor de segurança aérea ter dito que os pilotos portugueses não praticavam muito a amaragem. Porquê?????