8/12/2008

Faço minhas as palavras de...

...Do Portugal Profundo

"Ora, o que se tem passado em Portugal é a alienação desprezível de uma geração de jovens talentos em áreas diversas, que chegaram à vida adulta, formação inicial completada, sonhos e projectos erguidos nas madrugadas de conquista emocional, que depois de sentirem a canga da exploração sistémica, dos comissários dos comissários políticos, dos chefinhos abusadores repressores das iniciativas, do desemprego apesar do valor, decidiram emigrar. Noutros países, de maior liberdade, o seu trabalho é recompensado, os seus projectos acolhidos, o seu valor promovido.

Outros disseram que houve uma geração que votou com os pés. Esta também. Mais solta, todavia, esta não remete divisas para mulheres, filhos e pais, não constrói vivendas na terra, não participa sequer em tertúlias políticas contra a miséria política do Portugal que, aliás, sentirá sempre. Eles sentem, além desse lamento pegajoso antigo, da amargura do desprezo da corrupção, da incompetência da cunha e do absurdo egoísta da falta de solidariedade inter-geracional, Portugal dentro de si. E sentem que são portugueses à solta, com forma diversa de entender o mundo, mais humana e desembaraçada, e que Portugal se pode fazer em qualquer canto de mundo onde haja um português.
O drama, mal compensado pela exportação desse Quinto Império de cultura, é que a maioria desse valor não torna à terra nossa, nem mesmo se o próximo governo tomasse como missão principal reganhar essa geração emigrada, pois encontrou emprego, oportunidade e recompensa, que a obsolescência económica nacional não pode no curto prazo recuperar. Vale a verdade: a maior responsabilidade da nova emigração portuguesa pertence aos governos que desgovernaram a nossa barca.

A pena maior que tenho, e nós que sentimos esse esvair da seiva lusa, é que, agora, diversamente do êxodo anterior, não existe registo em prosa ou poesia da nova emigração portuguesa, que começou a partir em meados dos anos 1990 e cujo fluxo se tem intensificado nos últimos anos. O motivo pode ser a consciência de que não existe apenas a queixa face a uma classe política mais ou menos corrupta que conduziu o País a este quase desfecho da independência em retrocesso - que pressente quem foi avisado pela História -, mas também uma queixa face às gerações douradas que votam precisamente nos líderes da desgraça que, menos mal para elas, lhes garante as reformas de luxo e os empregos seguros.

Mesmo assim, peço aos leitores emigrados que lêm este mundo inteiro dos blogues livres, que ultrapassem essa angústia e nos contem, para vergonha de quem governa e de quem neles vota, a odisseia do seu valor. Para que quem ficou, mais cedo ou mesmo mais tarde, reganhe a consciência da integridade do Povo e da promissão da Pátria." publicado por Do Portugal Profundo

Podem consultar o post inteiro no blog para o qual o link está aqui ao lado.

Sem comentários: