3/08/2007

Pro-actividade

Muito se tem falado na pro-actividade... Em tudo o que é recrutamento se fala na pro-actividade. Quer subir na carreira? Seja pro-activo... Precisamos de pessoas pro-activas...A produtividade depende da sua pro-actividade. Tenha uma personalidade pro-activa (o que é isso??!!) E as grandes empresas adoptam-na como a bandeira do sucesso da empresa... Venda mais, sendo pro-activo, dê lucro à empresa. E no que é que isso se traduz? Em massacre psicológico para o cliente...

Ligo para a Clix para resolver um problema com o serviço dial up e lá está a oferta do serviço todo, "...mas não quer banda larga? Sabe que faz parte de uma zona clix? Quer mesmo continuar a pagar uma assinatura?..." "Bom, o que eu queria mesmo era resolver o problema e poder desligar, se não se importam..."

Ligo para a PT para saber os dados MB para pagar a factura e lá vem o operador... "quer o serviço de débito directo? Cómodo, fácil e seguro? Ai não? Então e um plano de preços, quer? Também não? Quem sabe um dos nossos telefones sem fios?"

Vou ao continente, numa sexta-feira ao final da tarde, com o hipermercado a abarrotar e filas enormes na caixa e o senhor da caixa lá diz a todos os clientes que passam: "Tem o nosso cartão de cliente? Quer aderir ao nosso cartão? Sabe as vantagens de que pode usufruir com o nosso cartão de cliente?" e 7 pessoas furiosas na fila... a ouvir aquilo cada vez que alguém avança... sabendo que quando chegar a nossa vez também irão perguntar. Digo-lhe logo, de forma simpática, que não tenho cartão e não quero cartão.

Estas entre tantas outras situações...

Mas será que os consumidores não são pessoas inteligentes? Será tão difícil acreditar que na era da publicidade os consumidores não estejam informados, nem que seja à força, pelo que têm que nos massacrar com estas sugestões? É assim tão difícil acreditar que um bom serviço é rápido e objectivo, e não um serviço em que nos chateiam com produtos que estamos fartos de ver em spots publicitários, televisivos, radiofónicos, em cartazes, etc, etc...

Tenho uma vaga ideia de este tipo de marketing ter sido ultrapassado nos anos 90, depois de ter sido explorado ao máximo pelo mundo empresarial dos EUA. Nós, consumidores, devíamos ser pro-activos em pedir, desde logo, à pessoa do outro lado, que não seja pro-activa. Talvez as empresas mudem de estratégia.

1 comentário:

Luís Viegas disse...

"Tenho uma vaga ideia de este tipo de marketing ter sido ultrapassado nos anos 90, depois de ter sido explorado ao máximo pelo mundo empresarial dos EUA."

Pois .. Nada de estranho. Nós somos um país atrasadinho :(