3/07/2009

Bolas de sabão

Todas as tardes ela até ao rio. Ficava lá a olhar, fascinada e a fazer bolas de sabão. Soprava no líquido, muito delicadamente até se formar uma bola que, muito suavemente se desprendia e voava. Leve, quase transparente, não fosse as cores lindas que se formavam na bola. Voava, voava, sempre a tentar chegar mais alto...até que... rebentava. Nunca chegava muito longe, mas ela tentava novamente. Sempre de costas para as pessoas que passeavam no parque. As famílias, os namorados, os amigos...
Ele vendia gelados no verão e waffles no inverno. Era o herói das crianças, no verão refrescava e no inverno aquecia. Vi-a ali todo o ano, sempre a fazer bolas de sabão, sempre de costas. Parecia linda, com aquele cabelo comprido. Um dia ganhou coragem. Pegou num waffle, encheu-o de chocolate quente e espesso e foi até lá. Passou por entre as famílias e sentou-se ao lado dela. Finalmente ia conhecê-la. Ela olhou para ele e ele para ela e foi então que percebeu.... Ela tinha rapado as sobrancelhas.

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