7/21/2007

A ambição de Chavez I

Com a aproximação do fim de vida do último genuíno e eficaz líder socialista, eis que o seu sucessor, mais que consentido, surge no horizonte. Hugo Chavez tem a vontade, tem a ideologia, tem as condições e tem o dinheiro. Terá também a agitação que já falta a Fidel e a ambição desmedida de um revolucionário com poder na mão e suporte económico para enfrentar os que lhe fizerem frente. As últimas eleições deram-lhe a passadeira democrática para a ditadura, não tardará a fazer aprovar pelo Parlamento uma lei que acabe com o próprio Parlamento, com o apoio da população (todas as ditaduras começam assim). Se Cuba definha de alguma forma com a sua população analfabeta e sua pobreza extrema (consequências do comunismo), depois do fim das ajudas da União Soviética após a guerra fria, o mesmo não se passa com a Venezuela. É que país muito pobre não é uma ameaça. Cuba tornou-se o mendigo lá da rua. Diferente mas indiferente. Hugo Chavez não quer ser assim. Sonha com estender o socialismo a toda a América Latina, sob a sua liderança e usa a estratégia que já conhecemos: oferecer ajuda económica aos vizinhos para estender a sua influência, e enfrentar o miúdo grande, George Bush. Mas Bush sabe que não pode perder terreno na América Latina. Esta mostra-se como o amigo popular e conveniente que os EUA querem, pelo petróleo, pela potencialidade económica do enorme país que é o Brasil, pelo gás natural da Bolívia. E Bush tenta grangear simpatias disfarçadas sobre viagens e ajuda. Chavez por seu lado estabelece alianças contra ele, tanto dentro da sua área de influência como com outros países como o Irão baseando-se no "inimigo comum" e profere discursos com o objectivo de o ridicularizar. Mas até que ponto conseguirá Chavez levar a cabo o seu projecto socialista sob a égide dos dólares negros da Argentina? Ainda que a sua reserva de petróleo suporte todas as ajudas que dá agora não é inesgotável. E como vai Chavez aplicar um modelo socialista à economia com empresas públicas que não tragam efeitos nefastos para a população? E como irão reagir os vizinhos de Chavez neste jogo de cooperação?

1 comentário:

Piotr O Sandinista disse...

Bem sei que Chavez não é flor que se cheire. Ditador em potência, muita potência, com certeza.
Ainda assim é importante que alguém se rebele contra estes Estados Unidos.
Dizes que cuba definhou com o fim da guerra fria e a pobreza e analfabetismo são consequências do comunismo. Lembremo-nos que antes do velhote lá chegar havia analfabetismo, hoje em dia nem tanto.
Eu digo que o embargo americano não ajudou em nada, muito longe disso.
Há muito que o ego norte-americano afecta o povo sul-americano.
Lendo livros de história facilmente percebemos que os governos da United Fruit não foram mitos. Aos EUA interessam os recursos naturais, o povo pouco importa.
Ao menos Chavez ajuda os mais pobres, pouco importa que tenha ou não segundas intenções com isso.